segunda-feira, 8 de junho de 2009

Desdobrando o Manifesto Ágil: Os indivíduos e suas interações acima de procedimentos e ferramentas (versão Alpha)

O manifesto contém quatro princípios fundamentais que valorizam:
  • Os indivíduos e suas interações acima de procedimentos e ferramentas;

  • O funcionamento do software acima de documentação abrangente;

  • A colaboração dos clientes acima da negociação de contratos;

  • A capacidade de resposta à mudanças acima de um plano pré-estabelecido

Este texto esta em versão Alpha e é o primeiro de uma série de 4 posts fundamentando e mostrando os alicerces do manifesto Ágil.



Os indivíduos e suas interações
acima de procedimentos e ferramentas.


A evolução deste conceito coincide com a evolução das teorias das organizações, modificando os paradigmas da individualização do trabalho, e da especialização dos operários/peões colaboradores numa determinada etapa do processo de desenvolvimento.

O Desenvolvimento de software sofre com grandes e rápidas mudanças, tornando-se cada vez mais difícil prever o efeito que a mudança tecnológica terá nas atividades vinculadas à administração da produção e desenvolvimento. Esta dinâmica exige que as empresas ajustem seus modelos a fim de obter maior eficácia nas suas operações.

Dessa forma, a organização inovativa não pode basear-se em qualquer forma de padronizar a coordenação, ou seja, deve evitar todas as formas induzidas pela estrutura burocrática, especialmente a divisão de trabalho, a diferenciação das unidades, os comportamentos formalizados, a ênfase nos sistemas de planejamento e de controle, devendo permanecer flexível. É significativa a evolução do conhecimento no que se refere a administração e organização do trabalho, considerando as idéias dos pioneiros Taylor e Fayol até as teorias mais modernas e práticas atuais das organizações.


“ O principal argumento contra a abordagem tradicional recai sobre a própria condição que ela visa promover, ou seja, a independência entre os estágios produtivos. Quando um problema ocorre em dado estágio, este problema não se torna imediatamente aparente em outros estágios do sistema. A responsabilidade pera resolução do problema estará centralizada no pessoal desse estágio, fazendo com que as consequências do problema não sejam transmitidas ao resto do sistema.”

Administração da Produção. SLACK, Nigel.


Uma das filosofias inspiradas pelo movimento Ágil é o "Lean Thinking". Mo "Pensamento Enxuto", Womack et al.(1992) acreditam que uma empresa realmente Lean possui duas características organizacionais fundamentais:


  • delegação e transferência do máximo de tarefas e responsabilidades, tanto da gerência quanto da mão-de-obra indireta – manutenção, preparação ferramental, qualidade, etc...- para os trabalhadores que realmente agregam valor ao produto;
  • existência de um sistema de detecção de defeitos que relaciona cada irregularidade com “sua derradeira causa”, evitando, desta forma, sua propagação e reincidência.


A partir destas novas visões, o trabalho em grupo passa a ser bem aceito e surgem também os grupos semi-autónomos, que de acordo com Herbst, (1974 apud MARX, 1997) é reconhecido como um grupo que se torna plenamente responsável pela produção e que não tem atribuições definidas pela gerência, mas se auto-organiza e divide as tarefas entre si, cabendo à liderança a intermediação desse grupo com o meio externo. Veja que, estes fundamentos aparecem na área de software, com o surgimento dos métodos ágeis como Scrum e XP, onde usam equipes pequenas e multidisciplinares e auto-organizadas.


Para Trahair (1998, apud MOTTA e VASCONCELOS, 2002), a escola sociotécnica tem em seu cerne a quebra com os métodos tradicionais da administração e traz à tona as seguintes idéias:


• O trabalho é um sistema formado por diferentes partes que devem ser integradas, não pode ser visto somente como um conjunto de atividades individuais e de rotina;
• O grupo organizacional deve ser o principal objeto de análise e não o indivíduo;
• A imposição de regras e o excesso de controle não são eficientes e provocam reações do grupo, deve-se esperar que o próprio grupo organize seu trabalho e se ajuste informalmente;
• As mudanças no sistema de trabalho devem ser feitas nas funções e tarefas e não nos indivíduos;
• Os indivíduos completam as máquinas e não podem ser comparados a elas.
• Com autonomia, os indivíduos tendem a sentir-se mais à vontade para mudar o comportamento e se adequar às mudanças da organização;
• A diversidade cultural e a ambigüidade facilitam as mudanças, a padronização excessiva, ao contrário, dificulta.
• A participação dos empregados no redesenho das tarefas eleva o seu comprometimento com o trabalho.


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